Texto: Gabriela Souza Gomes
Nem ela, nem ele eram bonitos. E sabiam disso. Só não se contentavam com tal condição porque isso, realmente, nunca os incomodou. Na verdade, curtiam toda essa contravenção à beleza.
Também não eram os mais inteligentes. Mas sim, antenados. Mantinham certo movimento sociocultural. Assistiam a bons filmes, conheciam bons autores, falavam de música, teatro e até novela com certo desprendimento. Não eram de muitos preconceitos.
Deixavam de conhecer pouca coisa um do outro, se sabiam quase que por inteiro. Ainda assim, sempre havia de existir algo de interessante e novo a ser descoberto.
Sempre que se encontravam, os olhos pediam-se em namoro. A boca calava o sim, que dançava até a altura dos ouvidos. A desobediência aos padrões era a principal testemunha desse amor.
Ela deixava de ser a mulher perfeita, apesar da vontade dele. Ele deixava de ser o homem ideal, apesar da esperança dela.
Costumavam pregar pequenas mentiras a tantos. Mas não conseguiam mentir um ao outro.
Ela não era de Leão, Câncer nem de Áries. Ele não era de Touro, Peixes ou Sagitário. Ela não vestia 38. E ele começava a dar sinais de uma futura perda de cabelos.
Ela não era o que ele costumava a considerar bonito, até conhecê-la. Ela também não via beleza em tipos como ele antes de conhecê-lo. A falta de perfeição perdoava quaisquer erros.
Ao contar piadas ele nunca acertava na comédia. Quando ela ria não era nada delicada. Ele não tinha frases prontas, desenvoltura para conversas a dois, nem paciência para almoços em família.
Ela não era lá muito romântica, controlada e aventureira. Errava nas receitas e adorava uma dose a mais. Era mais salgada do que doce. Mais Madonna que Maria Rita. Mais noite do que dia.
Ele não era bom ouvinte, nem dava bons conselhos. Era melhor gourmet que dançarino. Não vestia as roupas mais bacanas. Arranhava no violão e mandava mal no inglês. Não era bom em datas. Ele era mais rock do que bossa nova. Mais chopp do que academia.
Ele não tinha a mínima intenção de ser o melhor. E ela não saberia viver se não fosse aos tropeços.
Se amavam pelo avesso. Se amavam, sobretudo, pelo que não eram.
Adorei esse post!
ResponderExcluirVoltarei.
Ando gostando de ler por aqui.
ResponderExcluirParabéns!
legal o texto.. !!
ResponderExcluirvocê quem escreve ??
me itendifiquei rs...
Adorei a sua forma de escrever, Gabriela.
ResponderExcluirTb me identifiquei bastante com o texto...faz anos que parei de ter um "padrão" de beleza q me atrai, até pq ele sempre acaba furado! Mtas vezes aquele bonitão é um baita dum mala, aí tb não serve pra nada!!!!
Adoro histórias de amor assim, pq é assim mesmo q é na realidade...todos temos milhões de pequenas imperfeições. Aí que está a graça!!!
Bjos pra vc, voltarei sempre!
Eles são perfeitos, digo imperfeitos. rss. Isso é ótimo.
ResponderExcluirMenina, que texto bacana... leve, divertido, verdadeiro. Adorei.
ResponderExcluirVolto pra te visitar outras vezes e te espero lá nas minhas Cotidianidades...
Beijos!
São essas "imperfeições" que os tornam tão pessoais, tão unicamente um do outro!
ResponderExcluirAdorei
Mesmo mto!!!!
bjo
Oi, Gabi. Muito bom teu blog. Vou voltar. Este texto me lembrou "Eduardo e Monica" do Legião.
ResponderExcluirbj
Iuri
eis o grande amor: aquele que ama pelo que não é :o)
ResponderExcluirbeijos, querida e obrigada pela visita ao canteiro Fina Flor.
volte sempre que quiser!
é bem vinda por lá :o)
Inté
MM.
Sensível! Te "linkei" nas minhas bizoiadas virtuais. Abçs
ResponderExcluirBelíssimo texto, Gabriela.
ResponderExcluirAchei por acaso, mas certamente voltarei. Visite meu blog: http://coisasdesoninha.blogspot.com/
Saúde e paz.