I
- E então Rosalva, em que posso lhe ajudar?
- Ai doutor... Eu tenho sentido um aperto tão grande aqui ó.
- No peito?
- É sim.
- Descreva essa dor.
- Como assim? De dizer como ela é?
- Isso.
- Ah! Tem vez que dói, dá uma pontada de repente. Outros dia a dor se aquieta. Mas não se demora muito e já se sobe pra garganta.
- Pra garganta?
- Uhum. Só que na garganta não é que nem pontada. É como se tivesse um nó. Um nó bem apertado. Dá uma angústia, seu Carlos!
- E como que ...
- Ah! Uma vontade de chorá, sabe? Mas daí que eu não tenho motivo pra chorá. Tô empregada e os filho tão todos crescidos. Tá todo mundo se virando... Como dá, mas se virando.
- E há quanto tempo você vem sentido essa dor no peito, esse nó na garganta e essa angústia que leva a chorar?
- Faz cerca de três mês.
- Três meses é tempo demais, não acha?
- Até que é, mas fazer o quê?
- Rosalva, você está com depressão.
- Depressão, doutor? Aquela coisa que dá em gente rica e que nem trabalhar se pode? Ah! Tem jeito não, doutor. Tem jeito não.
II
- Doutor de Deus!
- Olá, Cléia.
- Homem dos céus!
- Pois, diga.
- Eu ando tão, mas tão esgotada.
- Muito trabalho?
- Também.
- O que mais anda consumindo suas energias?
- Olha, eu não sei ao certo. Tanto que estou aqui para descobrirmos.
- E o que você tem sentido?
- Uma falta de pique danada. Sem vontade de ir ao salão, fazer pé e mão. Essas coisas.
- Sei.
- Ainda bem que tenho a Clotilde para administrar a casa. Cozinha que é uma beleza, mas ultimamente, ando bem sem apetite.
- Então não anda se alimentando direito?
- Ah! O Maurício, meu namorado, sempre liga pedindo pra que ela prepare um sanduíchinho e me leve no escritório. Mas dou só uma beliscada.
- Querendo emagrecer, Cléia?
- Até que não seria nada mal. Mas o Maurício adora como estou.
- E o que mais tem pra me contar?
- Ai... só esse cansaço doido. Vontade de ficar paradinha, quietinha no meu canto. Se pudesse passava o dia na cama, dormindo. Fugindo dos problemas.
- Hum...
- Uma apatia danada. Como se o mundo fosse acontecendo e eu não acontecesse com ele. Como se não fizesse questão alguma de acontecer com ele.
- Apatia...
- É.
- Cléia. Você vem me contando essa história há um certo tempo. Seu quadro é depressão.
- Depressão?
- Depressão.
- Juuuura?
- Sim.
- Que beleza. Então me vê um atestadinho para eu tirar uma folguinha do trabalho, vê.
PORTFÓLIO
NO ANALISTA
Gabriela Gomes
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quinta-feira
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HAushausuasha, pior q é bem por aí mesmo... tenho pra mim que alguns desses sintomas todo mundo tem em algumas épocas da vida. Mas tem gente que decide se afundar e outros lutam pra melhorar.
ResponderExcluirFolgada a segunda??? Imagiiiiiina...rs
Bjos, linda, adorei!!!
OoOoOoOopsss
ResponderExcluirVou procurar um analista!
Hueuehueheu
beijos prima!
Hum... fiquei pensando se eu seria Cléia ou Clotilde (rsrs).
ResponderExcluirGrande olhar, moça.
Beijos!
Caramba, que forte que isso é.
ResponderExcluirgostei
abração
é!
ResponderExcluiré assim mesmo a reação aos diagnósticos em cada caso.
:D
novo vizual, bonitO!
beijO!
você é muito inteligente, eu vou tentar vestibular no fim do ano.
ResponderExcluirO.O
eu não conseguiria avaliações assim.
hAEUIHiuh
obrigado por comentar lá. fico muito feliz que tenha lido.
^^
analista, to fora.
ResponderExcluir;)
Parabéns!
ResponderExcluirMuito bom mesmo!
bjs
Todo Cléia tem um pouco de Clotilde, e boa Clotilde que se preze merce um pouco de Cléia pra variar...
ResponderExcluirrs adoro
bju
Texto muito expressivo. E naturalmente, bem escrito. gostei do blogue, hei-de voltar.
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