Desde criança sou inclinada a estar só. Meu quarto era um lugar absolutamente mágico, onde eu inventava o mundo que bem entendia com paredes que me protegiam do mundo de verdade. Como eu não era só (observe aqui a diferença entre ser e estar), gostava de chamar os amigos - mais costumeiramente as amigas, para encenar(mos) peças de teatro, onde lençóis eram ora cortinas, ora esconderijo para as brincadeiras com fantoches. E todos os roteiros, surgidos de imaginações pra lá de férteis eram dignos de aplausos. Mas se não estivessem os amigos, brincava perfeitamente sozinha. Era várias em uma e a bagunça continuava divertidíssima. Era bom estar comigo, entendo hoje.
Mais crescida continuei mantendo poucos e bons amigos. Alguns até hoje nunca fui a casa e não é descaso, foram as circunstâncias – até porque gentilmente eles sempre muito queridos vêm até mim. E deve ser por esta delícia de estar só que não costumo ligar para conversar. Até hoje todos perguntam para que diabos tenho celular, ao que respondo: para despertador, oras. E também para caso precise ligar para alguém, é claro. Adoro me dar ao luxo de deixar no silencioso e perder diversas ligações - até hoje não sei se perdi alguma de extrema importância, mas sei que deixei de atender muita coisa que iria me aborrecer. É claro que nem sempre é assim, se me descuidar e deixar o celular chamando em alto e bom som, vou direto atender - é irritante observar ele tocando e piscando. Sim, muitos se aborrecem com essa minha digamos, mania. Eles é que não entendem que aborrecida fico eu por não me darem o direito de atender quando e quem eu quero. Porém, tola porque ainda forneço o número a tantos.
Em se tratando de atender, atender a campainha também não é uma das atividades mais divertidas para mim. Não sei se é porque toca mais do que deveria ou do que eu gostaria, é que em casa é um entra e sai de conhecidos, como costuma ser nas cidades interioranas. Na capital é diferente, ninguém visita se não ligar antes e marcar hora. Até porque atravessar a zona sul até a zona norte para dar com a cara na porta, não é bem assim, leva tempo e dinheiro (da gasolina, da passagem). Agora mesmo, acabo de não atender a campainha, imagina perder o fio da meada logo aqui. Se tivesse atendido, faria tudo no automático, sem falar que morreria de vontade de voltar correndo para continuar escrevendo o que agora escrevo. E como não estou na capital, definitivamente não era alguém que se importasse de dar com a cara na porta.
Uma das coisas que me atraem, chamem de vício ou o que bem quiserem, é ligar o computador, acessar a internet, rodar um programa de conversação instantânea e bater papo com os amigos. Gosto porque da mesma maneira que não vou à casa dos outros sem aviso prévio, eles só respondem minhas mensagens se estiverem a fim. Afinal, fazer-se de ausente no computador é mais do que normal a quem utiliza a internet como meio de comunicação, em específico os programas para papear. E mentir que não leu, não recebeu a mensagem, caiu a conexão, deu pau no computador, era o amigo quem estava usando, é até que perdoável – a maioria que eu conheço usa desses artifícios e vai continuar usando, simplesmente porque convém, é bom, útil, permite que controlemos quem vêm até nós e o mais importante, não é um meio invasor da privacidade de ninguém.
A questão quiçá seja privacidade. Todo mundo gosta, mas não são todo que a desejam, ao menos não em tempo integral. E o que me difere de alguns, é que eu gosto em maior tempo. Por isso a delícia em estar só.
É verdade que existem coisas que não têm a menor graça em se fazer só, como por exemplo, ir ao cinema. Outras mais questionáveis, como fazer sexo, apesar de que tem gente que se basta com um solo (o que tem lá sua gracinha).
Já assistir TV, uma delícia não ter de disputar o controle remoto com quem quer que seja. Ler um livro, impossível se tiver alguém falante pela volta, se tiver um assim pela casa, melhor trancar a porta para não ser interrompido. Ficar de pijama e não ter que sair correndo trocar de roupa para abrir a porta, é um verdadeiro luxo. Não precisar fazer voz de “imagina-você-não-me-acordou” ao atender ao telefone, também.
Eu gosto tanto de estar só, talvez porque hoje seja algo mais difícil de acontecer. E quando só, me sinto tranqüila e em paz. E se bater solidão, para estar acompanhada é só acessar a Internet, colocar o dedo no telefone ou visitar um amigo; e torcer pra que ele não tenha a mesma mania de fazer com que, de vez em quando, dêem com a cara na sua porta.
Nossa estava pensando nisso ontem.
ResponderExcluirDomingo e eu sozinha em casa (Adoro).
Acordei, fiz um brigadeiro , assisti um filme, dormi a tarde.
Meu dia não poderia ser mais perfeito do que estar em minha propria companhia.
Bjo
Caraca!! :0
ResponderExcluirLeste meus pensamentos...
sou igual, sem tirar nem por.
Amoo a minha companhia e detesto telefone...
só pra despertar mesmo, e ligar QUANDO necessário.
=*
Oie!
ResponderExcluirGostei do Seu Blog!
Visite o meu Também!
http://utopiadeemily.blogspot.com/
Fique a vontade,
Não se esqueça de comentar e favoritar!
Beijos e Boa Semana
Elaine Maciel
Belíssima crônica! Na verdade, me pareço um pouco com vc, pois detesto atender ao telefone, e tb detesto quando a campainha lá de casa toca, além de entrar no msn offline, pra escolher com quem vou teclar...
ResponderExcluiracho que lidar bem com o "estar" só é uma prova de amor próprio!
ResponderExcluirbjs
A minha relação com a solidão é parecida com a sua, com a diferença que eu era/sou (quase sempre) o amigo visitante, e não anfitrião. Visita, pra mim, é algo raro. Aliás, aqui onde moro hoje nunca recebi uma visita de um amigo.
ResponderExcluirMas é questão de hábito, mesmo. O ambiente do lar, pra mim, exige sossego, uma paz completa. Tal clima não merece ser quebrado, mesmo que a companhia seja aquele grande amigo ou aquela desejada garota (ok, aí podemos abrir exceção...)
No mais, matar o dia de pijama, sujando a casa e não estando nem aí pra nada é uma sensação de liberdade que todos precisam, nessa sociedade caótica e cheia de frescurinhas...
Muito conveniente, sua postagem; como parece ser, sempre. Um beijo!
muito legal esse texto. no começo achei meio longo e deu uma preguicinha. ai fui lendo..lendo ...lendo e..so parei no fim..adorei
ResponderExcluirrsrs. muito bacana
marcelo henriques
Gostei muito do seu Blog, e o texto é bem bacana mas confesso que ainda não terminei de ler rsrsrs mas prometo que vou terminar de ler ainda hoje, ok
ResponderExcluirSe puder visite o meu blog:
www.sorogospel.blogspot.com
Fique com Deus!!!
Bjss
Eu também gosto, aprendi a apreciar minha própria companhia.
ResponderExcluirBjos e ótimo restinho de semana!
Simplesmente o texto que eu mais gostei de ter lido desde que conheço o seu blog. Talvez porque eu seja exatamente assim.
ResponderExcluirAdoro quando todo mundo sai, daí eu faço de conta que a casa é só minha e nessas ocasiões não atendo a campainha, já que não tô esperando ninguém mesmo.
Chato é quando a pessoa insiste em tocar 1000 vezes como se adivinhasse que eu tô me escondendo.
Vivo dizendo que na minha casa não vai ter campainha, nem visita. Vai ter só convidado, ou seja, não apareça sem ser chamado!
Minha irmã diz que eu sou anti-social. Fazer o quê!?
Eu adoro a minha companhia.
Parabéns pelo blog, gostei de seus textos. Caso queira interagir, visite o meu blog e veja o que acha. Um abraço.
ResponderExcluirhttp://robsonbraga11.blog.uol.com.br/
Robson.
ahh, é muito bom ficar sozinho mesmo. inclusive pra ir ao cinema. ver filme sozinho (quando se quer mesmo ver o filme) é o que há.
ResponderExcluireu gosto da forma como tu densenvolve o texto. ele é atrativo.
beijos
Fiquei até arrepiada com a semelhança.. essa aí sou eu, e como sempre foi um jeito um pouco incompreendido, já tinha perdido a esperança de encontrar alguém parecido comigo!
ResponderExcluirA única coisa que não entendo é a dificuldade que outros têm em compreender a necessidade e gosto pela solidão! Estar só não é para todos, afinal, é preciso que gostemos muito da nossa própria companhia! E eu gosto, e vi que tu também!
beijo.
eu odeio atender o telefone! agora, no MSN eu adoro, hehehehe...
ResponderExcluiré por isso que não arranjo namorado... vai ficar me ligando toda hora, ui, vixE!
tb sou de poa!
bjus!
Acho uma delícia estar só... eu e eu, meus pensamentos, minhas manias, meus quereres, meus absurdos... eu e eu nos entendemos. E nem preciso explicar para mim mesma minha ojeriza a telefone, TV e correlatos.
ResponderExcluirDevemos ser do mesmo planeta (rsrsrs)...
Beijo!
Adoro ficar só. Adoro curtir o meu mundinho. E ele ficou mais necessário depois que tive minha filhota. Onde tive que dividir com ela. Nada contra. Mas, sino muita falta de ficar só. De ficar queta, ler um livro, pensar muitas coisas, olhar o teto. Não faze absolutamente nada. E ficar bem.
ResponderExcluirAcho que é uma magia ficar só e tirar coisas boas dele.
Um beijo grande, moça!!!!
:***************
Gosto de morar só, não ter dores de cabeça com pessoas dividindo minha casa, o silêncio da noite enquanto fumo o meu cigarro...
ResponderExcluirÉ... Seu texto faz pensar... Adorei. rs...
Beijo, menina.
Ficar só é uma necessidade do ser humano (normal). Porque tem gente que adora muvuca, bagunça, som alto, telefone, campainha... São espíritos agitados, que vibram em baixas frequências.
ResponderExcluirVc disse que as paredes do seu quarto de criança "protegiam do mundo de verdade". Ah, ah... Aquele ERA o seu mundo de verdade!! Não é?
Pelos comentários, podemos notar que essa solidão voluntária está se tornando mais comum do que achávamos. Eu moro sozinho numa casa enorme, com toda estrutura de serviço e comodidade. Minha mulher e meu filho moram em outra. E está ótimo pra todos. Ela trabalha em casa, e agora não me "atrapalha" mais. Nem eu atrapalho ela. Meu filho pode levar a namorada sem se preocupar com minha presença. São as delícias de estar só.
e assim caminha a humanidade...
bjs natalinos do nil, querida cronista...
Ficar só tem as suas vantagens, claro. Gosto de assistir filme no TV, visto que aqui os cinemas não passam nada que preste. E como tenho uma televisão grande, adoro um filme clássico ou similar. E de ler tb, acessar a internet e outras coisitas mais. Bom tb de vez em quando sair e ir a um lugar bacana pra tomar uma cervejinha e colocar conversa fora. Hoje estou sozinho e somente no computador. Gosto de silêncio, de concentração.
ResponderExcluirÉ como diz o poeta:'tudo vale a pena se a alma não é pequena'.
Um Feliz Natal pra vc e um Ano Novo de Paz e realizações!
Beijos natalinos...
Amiga Gabriela, vim aqui pra te desejar muita saúde e positividade neste natal! Vc é uma amiga muito tri, grande beijo e feliz natal!
ResponderExcluirDiego.
Estou há duas semanas sozinho em casa, e assim ficarei até o ano que vem. Também me sinto bem suzinho. E parece que é até revigorante pra inspiração na hora de escrever. Talvez porque a gente fica mais relaxado.
ResponderExcluirA solidão me é necessária.
e feliz aniversário, ok?
ResponderExcluirOlá
ResponderExcluirJá ouvi falar muito do seu blog, e resolvi vir dar uma visitinha!!!
E posso afirmar com todas as letras que eu simplesmente AMEI o seu blog!
Vc escreve divinamente bem!!!
Parabéns e muito sucesso!!
Estarei sempre que possível vindo aki atrás de novos posts pra ler!!!
Ainda bem que vc não atendeu essa campanhia, se não talvez eu não teria lido esse post tão bem escrito e cheio de realidades!!!
Vc acaba de salvar o meu fim de ano e me fazer perceber que não sou um et...adoro estar sozinha, moro sozinha e normalmente to nem aí pro telefone ou campainha! Acho que quem me conhece já acostumou com isso!!!
ResponderExcluirAdoro estar sozinha, fazer oq quero como e qdo quero, salvo coisas que é ótimo fazer em grupos ou "dupla"...rs
Bjos pra vc, adorei!!!!
eu adoro seu blog ^^ ,, bjaum
ResponderExcluirExcelente texto,me identifiquei com as suas descrições e manias diante de uma vida prazerosa onde a nossa melhor companhia somos nós mesmos!
ResponderExcluirExcelente texto,me identifiquei com as suas descrições e manias diante de uma vida prazerosa onde a nossa melhor companhia somos nós mesmos!
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