Beto, querido
Não sou mulher de um homem só. Sempre busquei no perfume de outras bocas e nos fluidos de outros corpos respostas que me explicassem. Você sabe, nunca escondi a verdade.
Não aposte todas suas fichas em mim e nem queira pagar para ver quais cartas trago nas mãos. Eu sou o mais puro blefe, querido. O coringa que antecede a batida.
Entenda: não quero compromisso. Ser livre é a minha lei. Não queira burlar as regras, não as minhas. Não busco um homem para chamar de meu, e apesar de já ter feito o papel de boa moça para alguns, me falta vocação – não tenho mais estômago e o talento é mínimo.
Até entendo sua expectativa, eu também já senti coisa parecida. Mas sinto estragar seus planos, não serei sua exclusividade. Esqueça a idéia de me apresentar aos amigos, de marcar programas em família. É como pedir para que eu vá embora para sempre. No mais, Domingos são sagrados. Dia de jejuar para purificar-me das farras, de curtir os efeitos que a ausência de outro corpo causa ao meu.
Você sabe dos homens que me bajulam. Mas confesso que nunca antes, nenhum outro me propôs compromisso. Nunca um elo que não o sexual. Sempre viram em mim o descompromisso do dia seguinte. Você sabe que essas aventuras me atraem, não vou ser hipócrita e dizer que são todos uns aproveitadores. Sou conivente com o crime. Mas o seu gesto, comparado a todos os demais, me tocou. De verdade. Não pensava mais que pudesse despertar isto em alguém. Desaprendi a lidar com essas coisas. Sentimentos, você sabe do que falo.
O anel é maravilhoso e qualquer outra mulher ficaria encantada, mas não poderei aceitá-lo. Não estou preparada para me prender e pode ser que nunca esteja. Guarde a jóia para o verdadeiro amor. Dizem que sabemos quando ele chega pra valer.
Porém, quando sentir saudades me procure. E prometa continuar sendo aquele louco que conheci - que só pensava em sexo e desejava o descompromisso do dia seguinte. Enquanto esse dia não chega, vou ficando com os efeitos que a ausência do seu corpo causa ao meu. Como se todo dia fosse Domingo.
Beijos,
Ana.
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CARTA - O ANEL
Gabriela Gomes
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segunda-feira
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Achei o blog numa comunidade do orkut, e adorei.. vou visitar sempre agora..! rs
ResponderExcluirUau. Muito bom.
ResponderExcluirHonesto e sincero.
Constrasta violentamente com o texto passado. Parabéns.
adorei seu blog, parabens vou deixar meu blog aqui para que vc possa ver e dar sua opinião tambem, criticas e sugestões serão bem vindas
ResponderExcluirQuanta honestidade...
ResponderExcluiras pessoas deveriam ser assim: sempre honestas=)
adorei o blog=)
Gabriela, postei o seu texto hoje.
ResponderExcluirDaí vim aqui ver se já tinha algo de novo e então me deparo com outra crônica igualmente bela. Cada um tem mesmo o seu próprio talento, e, como cronista, você é realmente muito boa.
Fiquei imaginando a cara do Beto quando leu a carta. Tadinho, deve ter ficado arrasado. A Ana devia gostar dele um pouquinho. Acho que ela tem medo de compromisso.
Beijos
Se me permite uns palavrões, puta que pariu! Nunca vi uma carta tão escrota e tão bem escrita!
ResponderExcluirE com requintes de crueldade gramatical...
¡Adiós!
Gostei muito do texto, das palavras usadas e do enredo. Crônicas sempre foram as minhas leituras favoritas.
ResponderExcluirPobre Beto, um iludido!
Parabéns,
um beijo!
de um blog a outro acabei vindo parar aqui....adorei!!!
ResponderExcluirvirei mais vezes...
bjim
as vezes há de se truncar com a honstidade a realidade alheia... beijo minha amiga!
ResponderExcluirCoitado do Beto!
ResponderExcluirDeve ser da mesma linhagem que eu... Coitados dos românticos!
hehehehehe
Abraço