Você foi o melhor que a vida me trouxe. Injeção de adrenalina rasgando as veias,
deixando o meu corpo teso e os pelos em riste.
A alma em estado de alerta. O reflexo do espelho, o branco dos dentes, a leveza do travesseiro onde repousavam meus cabelos úmidos depois do sexo.
Foi você. Era você. Sempre. Coisa de outra vida - se houvesse alguma explicação para o encontro. A melhor loucura forjada pelo destino, se destino existisse.
Como graça do acaso, éramos peças desencontradas de um mesmo jogo não aprendido na infância, que subitamente se uniam algum tempo depois.
O melhor - dizia exultante, com o riso fácil, franco e aberto. Era você até quando estive sozinha. Mesmo sabendo que peças unidas nem sempre são peças que se encaixam como tomadas macho-fêmea, embora a voltagem favorável.
Era você até quando fui me juntando às migalhas. Mas não saberia dizer como ocorreu. A passos miúdos, os pés que se acompanharam lado a lado, seguiram em direções opostas.
À época, nunca soube onde guardar a saudade a não ser dos olhos pra fora. Dos olhos pra fora choramos as mesmas lágrimas salgadas, lambidas e recolhidas pelos cílios sobre a pele quente.
Fui então me distraindo com os próprios pés, com os calos, com os grãos de areia, as ondas lânguidas deitando à terra, com o vento soprando gentilezas enquanto eu o atravessava sem mais me cortar.
Me distraí até mesmo com os passos que ficavam pelo caminho. Olhava para trás para ver se andava bonito. Embora sóbrios, é inevitável não ensaiarmos um andar bêbado diante do acaso.
Não combinei comigo, mas me distraí com a vida e me peguei outra vez ocupada de mim. E eu já não sabia onde você estava.
Segui ocupada em acordar minha alegria, reinventando meu pequeno espaço neste mundo feito de ar, terra, sol, calos, andares distraídos e amores quebrados.
Certas coisas precisam mesmo ser extintas de nós. Sem movimentos bruscos e violência. Uma hora chega a vida com sua delicadeza e vai oferecendo a mão, abrindo novos espaços, enxugando nossos olhos e esbarrando outros corpos contra o nosso.
Eu não sei dizer ao certo quando, mas naturalmente, você foi desacontecendo em mim. Foi você. Era você. Sempre. Até não ser mais.
deixando o meu corpo teso e os pelos em riste.
A alma em estado de alerta. O reflexo do espelho, o branco dos dentes, a leveza do travesseiro onde repousavam meus cabelos úmidos depois do sexo.
Foi você. Era você. Sempre. Coisa de outra vida - se houvesse alguma explicação para o encontro. A melhor loucura forjada pelo destino, se destino existisse.
Como graça do acaso, éramos peças desencontradas de um mesmo jogo não aprendido na infância, que subitamente se uniam algum tempo depois.
O melhor - dizia exultante, com o riso fácil, franco e aberto. Era você até quando estive sozinha. Mesmo sabendo que peças unidas nem sempre são peças que se encaixam como tomadas macho-fêmea, embora a voltagem favorável.
Era você até quando fui me juntando às migalhas. Mas não saberia dizer como ocorreu. A passos miúdos, os pés que se acompanharam lado a lado, seguiram em direções opostas.
À época, nunca soube onde guardar a saudade a não ser dos olhos pra fora. Dos olhos pra fora choramos as mesmas lágrimas salgadas, lambidas e recolhidas pelos cílios sobre a pele quente.
Fui então me distraindo com os próprios pés, com os calos, com os grãos de areia, as ondas lânguidas deitando à terra, com o vento soprando gentilezas enquanto eu o atravessava sem mais me cortar.
Me distraí até mesmo com os passos que ficavam pelo caminho. Olhava para trás para ver se andava bonito. Embora sóbrios, é inevitável não ensaiarmos um andar bêbado diante do acaso.
Não combinei comigo, mas me distraí com a vida e me peguei outra vez ocupada de mim. E eu já não sabia onde você estava.
Segui ocupada em acordar minha alegria, reinventando meu pequeno espaço neste mundo feito de ar, terra, sol, calos, andares distraídos e amores quebrados.
Certas coisas precisam mesmo ser extintas de nós. Sem movimentos bruscos e violência. Uma hora chega a vida com sua delicadeza e vai oferecendo a mão, abrindo novos espaços, enxugando nossos olhos e esbarrando outros corpos contra o nosso.
Eu não sei dizer ao certo quando, mas naturalmente, você foi desacontecendo em mim. Foi você. Era você. Sempre. Até não ser mais.