Você diz que não sabe dançar, mas conduz o meu corpo como ninguém. A gentileza das mãos a coordenar o ritmo da cintura, os dedos mergulhados nos cabelos, a língua úmida e quente lambendo o sal da pele, as pernas abraçando os quadris - pedindo para ficar um pouco mais ali. A sofreguidão do prazer que não cessa.
Quando estou no seu corpo não importa a temperatura lá fora. Pois no meu corpo, seu corpo faz verão. Me perco na estranheza da noite para me encontrar nos detalhes do seu dia. E como adoro os seus detalhes.
Quando estou no seu corpo não me apresso. Tranco a porta e jogo fora a chave. Só concordo em fazer o caminho de volta se for para começar tudo outra vez. Porque no seu corpo o meu corpo fica completo.
Quando estou no seu corpo me sinto inteira. Como se o prazer do encaixe e o conchego do abraço me devolvessem a mim. Tal qual o gozo de quem retorna pra casa depois de um dia complicado. Ou como múltiplos orgasmos em um único gozo.
Quando estou no seu corpo perco a noção do tempo, porque nesse instante o prazer é tudo que tenho. Não existe o tédio que se entretém com o teto, porque os seus olhos estão sobre mim, como janelas que me fazem enxergar o céu.
Quando estou no seu corpo tudo fica bem. É como se minha alma estivesse em casa. Porque o seu corpo é o lugar para onde eu sempre quero voltar.
Gabriela Gomes