"Morre médica baleada durante assalto na Zona
Norte de Porto Alegre"
Foi a primeira manchete que meus olhos cruzaram logo pela manhã. Não era
preciso completar a notícia para ter certeza de que era a Grazi, linda, na juventude dos seus 32 anos, que desde a
noite anterior lutava pela própria vida depois de um ato estúpido, covarde, brutal. Após uma violência ainda sem identidade.
Tristeza, incredulidade. A náusea da revolta
me tomou a boca e ardeu os olhos que embaçaram. Nem um copo d'água desceu. Custei a levantar
da cama. Parecia não fazer o menor sentido sair de casa, ganhar às ruas e ir para o trabalho. Li a notícia e a banalidade com que a vida havia se tornado fez com que encolhesse mais ainda o corpo.
Precisei ouvir de amigos para acreditar que ela não estava mais aqui, mesmo distante há algum
tempo. Voltei à época das Irmãs, ao tempo de escola, lembrei de quando cruzávamos a praça
Zeca Netto para assistir aos garotos andar de skate, curtindo o sol esparramadas
na grama, esperando o cair do dia naquela cidadezinha do interior onde o tempo
parecia custar a passar.
Morreu a Graziela Müller Lerias. Vítima da
impunidade. Morreu uma filha. Vítima da negligência de nossas DESautoridades. Morreu
uma irmã. Morreu nossa amiga. Um ser humano que dedicou sua vida a cuidar de
outros. E, curiosamente, especializou-se em tratar das doenças dos olhos. Fez
da sua paixão, ajudar as pessoas a enxergarem a vida como ela é.
E é em sua memória, pela vida que aqui viveu, pela
saudade que deixa que nossos olhos estão ainda mais atentos, que nossos olhos
estão tão mais abertos, vigilantes. É para que sua família se sinta abraçada.
Para que Priscila se sinta amparada que não cruzaremos nossos braços para o
caos que está Porto Alegre e toda violência.
Há 13 anos, eu saí da mesma cidadezinha que a
Grazi para tentar a vida na capital. Ela esteve por aqui menos tempo que isso e
partiu cedo demais. A bala que atingiu seu corpo acertou em cheio todos nós.
Interrompeu seus sonhos. Devastou uma família da qual nos sentimos parte.
Porto está mais triste. E cinza. À mercê da violência urbana. Vivemos em terra de ninguém. Desamparados. Contando com a sorte e o despreparo de um governo que deveria cuidar de nós. Deveria cuidar dos nossos. Eu não sei o que nos espera na próxima esquina. E convido você a também não esperar. Chega de violência. Basta de impunidade!
Parabéns Gabriela Gomes, assino embaixo! Governo omisso, irresponsável, incompetente. E nós a mercê de verdadeiros monstros! Graziela, minha prima, se foi deixando uma lacuna impreenchivel para todos nós. E os autores, livres por aí, prontos para fazerem uma nova vítima. Até quando?
ResponderExcluirEsqueci de me identificar, sou Nino Mesquita, habitante desta selva chamada Porto Alegre.
ResponderExcluirEsqueci de me identificar, sou Nino Mesquita, habitante desta selva chamada Porto Alegre.
ResponderExcluirParabéns Gabriela Gomes, assino embaixo! Governo omisso, irresponsável, incompetente. E nós a mercê de verdadeiros monstros! Graziela, minha prima, se foi deixando uma lacuna impreenchivel para todos nós. E os autores, livres por aí, prontos para fazerem uma nova vítima. Até quando?
ResponderExcluirOi, Nino! É uma lástima a perda da Grazi e a situação em que nos encontramos, nessa cidade, terra de ninguém.
ExcluirUm beijo em você e em toda a família.